quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Fui dar uma espiadinha

Diz que você não fica com uma tentação também, diz. Pois é, eu fiquei. Não tinha mais nada pra fazer nesta noite quente e chuvosa. Fui ver o Big Brother, sabe? É um programa daquele canal de televisão que no meio da novela dá dois closes do volante de um carro. Os dois personagens conversando lá dentro, a câmera pega e vai pro centro do volante, dá um close na marca do carro. Aí o motorista começa a mostrar pra gata que ele consegue mexer no rádio sem tirar as mãos do volante. Close no display do rádio, a estação muda ou o volume aumenta, sei lá. Aí a câmera pega e volta pro volante. Super-legal. Kiazar de quem perdeu isso. Perdeu também outros dois personagens combinando ver "aquele filme do Lula, muito bom!" Inimigos, inimigos, merchandising à parte, sabe? Pois é, aquele canal.

Mas aí fui dar uma espiadinha. Tinha tipo um monte de gente numa piscina. Que bom, uma piscina nesse calorão. Aí teve uma conversa mais ou menos assim, entre dois deles:

É muito feio isso que você tem tatuado no braço, essa suástica!, diz a menina pro menino, indignada.

Não tem nada a ver, isso é um símbolo religioso, responde ele, didaticamente.

Que nada, sabe o que é isso? É o símbolo do holocausto! (quem pôs o "h" aqui fui eu, não sei se ela falou com "h")

Queisso?! A suástica é um símbolo religioso, tem mais de 3 mil anos!, retruca ele, meio inseguro.

Não, você tem que ver o peso cultural que isso tem, argumenta a menina, intelectualizando o debate.

Nada disso, isso é sânscrito, é o símbolo do zen-budismo!, encerra o garotão sarado.

E eu fico assim pensando, sabe, será que ainda vale a pena pensar alguma coisa? Vendo estas duas tribos em disputa, a dos belos e a dos sarados, acho que seria menos triste se fossem outras duas, a dos cegos e a dos tarados. Tipo assim, fim do mundo por fim do mundo, acho que seria melhor gargalhar do que chorar, né? Pois é, eu acho. Acho que esse povo todo tem mais é que se foder.

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