domingo, 28 de março de 2010

Menos, publiciteiros, menos...

Aí ela aparece. A baiana que quer ser Ivete quando crescer. Com a fala aspirada de adolescente barrão e sem noção, LPP oxigenada e enxaguada com água mineral, que é pra você ficar legal neste carnaval.

Mas aparece como? Como o equivalente louro da Sangalo ou alguma outra ídala badalada-la? Não, ela aparece na telementirão sendo comparada à Net, aquela gente que esburacou o Rio de Janeiro inteiro, na gestão do prefeito nem-quero-lembrar-que-ele-existe, para semear fibras ópticas no nosso subsolo. Lembra disso? Caramba, aquela operação foi mesmo coisa de gente de fibra. Gente de fibra, visão e talão, sorrindo e apertando a mão. Tipo quando deram a praia de Copacabana de presente para o lançamento de um disco da loura(?). Presente de irmão. Em troca, Copacabana ganhou tumulto, quebra-quebra e xixizão.

E por que Leite aparece? Porque o povo impubere da publicidade anda exagerando quando aspira o crescimento de suas carreiras. Menos, gente... assim a coisa já não cheira bem. Tá certo que vocês têm que pegar uma saradona qualquer e convencer a Lady Simpson da poltrona de que aquele abdomen de tanquinho foi obtido em duas semanas, com um Mega Platinum Abdominator Tabajara feito na China. Mas, por exemplo, o que são aqueles dentes que quase quebram o espelho com tanta explosão tipo White, quando todos sabemos que gente bonita assim só usa(va) Crest? Parece coerente a segunda profissão mais antiga do mundo, surgida tipo certamente da necessidade marqueteira da primeira.

E vai que parei para pensar na leitosa baiana, depois de ver um comercial em que uma criança pequena diz quando crescer quero ser igual a ele, olhando para um SUV japonês ao invés de mirar o pai. Paro para pensar nos cafetões da tela gratuita ou paga que estão borrando e andando para o bom senso e para a palavra, já destituída de sentido e estuprada. Parei para pensar naqueles que ficam rodando bolsinha, na esquina de Canal Aberto com TV Por Assinatura (procure em orwell.maps.com), que mostram uma criança bonitinha arrancando flores e plantas do chão, enquanto a voz melosa diz em off: meu galã não poupa esforços para demonstrar seu amor pela Natureza. Não olha agora não, Goebbels, mas acho que você acaba de engolir um frango.

Mas vai que num primor de delírio doublespeak, sou também tipo informado de que a Net e a Clllaudia Leittte - vamos todos triplicar as letras, dizem que a conta bancária acompanha - têm em comum o fato de saberem, como ninguém, trazer para meu lar o melhor da informação, diversão e do lazer.

Então Leittte é conhecida por trazer o melhor disso aí para alguém? Só mesmo denunciando no Juizado das Causas Inacreditáveis. Propaganda enganosa, agravada por "motivo torpe", "fraude intelectual" e "obstrução de inteligência". Isso dá aumento de pena em 2/3 e apreensão dos troféus conquistados nos Festivais de Publicidade Que Assolam o Mundo. Já imaginaram, publiciteiros? Vocês na cadeia, sem aqueles bonequinhos de resina e metal para enfeitar o lar quadrado e gradeado?

Mas espere, ainda tem mais: posso falar à vontade, sem me preocupar com a conta ou a assinatura? Catzo, então aí tem mais... aí tem outro puta agravante ao crime, tipificado como "indução à burrice". Babaquice pura, os lesos cheiraram a carreira e a mesa inteira, junto com a lisura.

Ô da publicidade, está certo que o mundo é dos AlieNets, mas você sabe o que eu quero mais? Quero mais é que você vá se foder. Melhor ainda, que cafungue até morrer, pra me fazer feliz... completamente.